21 de out. de 2015

O limbo do seu filho

Toda a vez que conversávamos, você finalizava em tom suave, envergonhado, numa tentativa mais de autoconvencimento que o contrário: ele não é uma pessoa ruim -parava  pra tentar achar segurança na fé -não é porque é meu filho, mas ele não é uma pessoa ruim.

Ele não é uma pessoa ruim.
Nem ética, nem de compromisso e com caráter duvidoso. Ele é muitas coisas e deixa de ser outras centenas. Inclusive pai.
Pena.
Desta vez foi longe, mais do que o necessário. Agora vai arcar com isso? Com tudo? Os abandonos, as traições, toda a sorte de sordidez da qual foi capaz.  Toda escolha tem um resultado, ele apostou muito alto,  jogou todas suas fichas, que já não eram muitas. E agora, José? Paternidade virou facultativa? Vamos abortar a paternidade em plenos 2015?

Régia, vivem me dizendo que o mundo é cão. Resisti, mas ele é, e não venha me dizer que ele não é tão cão assim.
Sangue no olho, é esse o tom. Diego bem sabe: este é digno.
A pressão sobe, o coração não aguenta, a chapa esquenta.
Seu filho pode não ser tão ruim, mas pra mim, nem pintado de ouro, ele e todo seu caráter duvidoso, ele e sua atitude escorregadia.

Na vida ou se tem coragem ou se vive no limbo. Eu prefiro a coragem.
Exponho a minha cara ao sol e ao tapa, se merecer levo.
Mas não me escondo da vida, nem do que faço, assumo as consequências e os riscos.
Ele ficou com o limbo.
Como ele disse sobre suas escolhas: caminhos.
Só me resta dizer:
quem semeia vento colhe tempestade.

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